Andei mais de mil caminhos,
Onde os passos tropeçavam;
Provei dez milhares de vinhos
Que não mais embriagavam.
Onde os passos tropeçavam;
Provei dez milhares de vinhos
Que não mais embriagavam.
A água, sangue da tempestade,
O meu corpo muito encharcou;
A nuvem e o trovão de verdade,
Já faz tempo não me assustou.
As mãos esfolei nas encostas,
De ladeiras íngremes, colossais;
Minhas asas abertas nas costas,
Enfrentando ventos fortes demais.
Cruzei também os frios lugares,
Que anjos tolos não trilhavam;
Muitos mundos, muitos mares,
Onde monstros cruéis navegavam.
Contemplei mil estrelas pálidas,
Apagando completamente sua luz,
Escurecendo as pupilas esquálidas,
Restando a sensação que conduz.
Seguindo pelas longas estradas;
Completei as retas e as sinuosas.
Minha alma uiva sua dor marcada,
Cicatrizando-se em curas gloriosas.
Porém a visão que contemplo agora,
Não esperava isso jamais encontrar:
Um homem magro aqui nessa hora,
Vestes pretas, livros com ele a levar
Pegou das mãos de outro alguém,
Com vil aspecto de extrema unção;
Caminha solene, enxergo isso bem,
Vem vindo reto em minha direção.
Esses livros velhos e empoeirados,
Tem longa história ali neles escrita;
Amarelos, arcaicos, despaginados;
Na alma antiga a memória é adstrita.
Lembrando a longa jornada onde passei,
Que pelo esforço me trouxe aprendizado;
Recordo algo que em certa terra escutei:
É o livro de minha vida? Estou condenado?
Autoria de Nick para participação
organizado pela Profª Lourdes Duarte, do
excelente blog Filosofando na Vida
Se gostou, leia também as nossas outras participações no Poetizando e Encantado, é só clicar na imagem abaixo!
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